terça-feira, 10 de julho de 2007

Carlinhos vai ao parquinho

Lúcia estava aos berros no celular conversando com seu advogado, sentado no banco do parquinho, de onde dava para ficar de olho nas crianças que brincavam, principalmente seu filho de sete anos.
Tagarelava sem parar, quando de repente começou a falar mais alto. Estava furiosa. Seu marido havia entrado com pedido de divórcio. Saiu apressadamente pelo parquinho, ainda xingando o advogado, procurando seu filho. Quando o achou, sentado de costas, brincando na areia, pegou-o pelo braço, sem dar-lhe chance de convencê-la a ficar mais um pouco. O menino tentava fazê-la soltar seu braço, mas quando viu já estava dentro do carro indo para casa.
Lúcia reclamou o caminho inteiro, não parou de resmungar um segundo. Havia até esquecido do filho no banco traseiro, quando começou a xingar o futuro ex-marido.
Quando chegou a casa, mal desceu do carro e ligou novamente para o advogado e pôs-se a discutir com o pobre homem. Entrando em casa berrou para o filho: “Vamos, Carlinhos! Pegue suas coisas e venha logo para dentro”.
O menino permaneceu dentro do carro. Lúcia, que notou que Carlinhos não havia entrado, deixou o celular em cima da mesinha no centro da sala de visitas e voltou para o carro para tomar satisfações com o menino. Partiu em direção ao automóvel gritando: “Carlinhos, já estou cansada, fiquei a tarde inteira naquele parquinho, seu pai, aquele cachorro, aprontou mais uma... e tudo que eu peço a você é que me obedeça, mas não, você anda muito sem educação ultimamente. Chega, menino! Entra logo em casa!”
Um choro soou dentro do carro.
“Agora está chorando? Assim não dá, Carlinhos.”
Quando Lúcia viu o menino sentado no banco traseiro, ele estava com as mãos no rosto. Chorava muito. Ele enxugou uma lágrima que descia lentamente, olhou para a mulher diante de si e gritou: “Eu quero minha mãe, pode me levar até ela, tia?”.
Lúcia ficou muda.
E enquanto isso, Carlinhos ainda brincava no escorredor, seu brinquedo favorito. Nem notou o banco que agora estava vazio.


Tais Carla B. Cassemiro

*sobre o título: achei engraçado e não tinha outro me mente.

2 comentários:

João Gabriel disse...

ADORO!!!

Poor Carlinhos...
Eu gostava de parquinhos qd tinha sete anos........hum...SETE anos!
7

Nanda disse...

sem comentários...depois eh homem q naum presta atençaum nos filhos...