sexta-feira, 20 de abril de 2007

Marilama

Na minha sala havia uma garota que se chamava Mariana. Ela tinha cara de “cú” (não queria usar nenhum termo pejorativo no meu texto, mas não encontrei termo melhor para definir sua cara). Ninguém a suportava, ela era uma verdadeira “patricinha”. Era esnobe por natureza. “Sou fina, sou chique”, repetia várias vezes. As únicas pessoas que costumavam andar com ela ou eram interesseiras ou “farinha do mesmo saco”.
No seu aniversário, para cuja festa quase ninguém da escola havia sido convidado, Mariana ganhou de seu rico pai uma linda presilha com brilhantes. Ela ficou mais esnobe ainda, se é que era possível. Ficava desfilando para cá e para lá com seu presente “mais brilhante que uma estrela”, como ela mesma costumava dizer.
Um dia fomos visitar uma fazenda. Todos foram obrigados a ir, inclusive Mariana, que detestou, é claro. Ali havia vários animais como galinhas, patos, cavalos, pássaros e porcos.
No terceiro dia enquanto passeávamos pela fazenda sem nenhum dos professores por perto, um dos meninos, aquele que já foi várias vezes fazer uma “visitinha” ao diretor, irritou-se com Mariana quando ela apontou para uma vaca e disse em voz alta: “O que sua mãe está fazendo aqui?”. Ele pegou a presilha de seu cabelo e arremessou-a longe. A presilha vôo e caiu no chiqueiro onde havia cinco porcos.
Mariana gritava e amaldiçoava todos que riam ao seu redor. Ninguém se dispôs a pegar o acessório, então ela mesma o fez. Tirou os sapatos “importados de Paris, porque sou chique”, segurou a barra de seu vestido “feito por um famoso estilista, porque sou chique” e foi pegar seu presente. Levemente ela pisava na lama, fazendo uma cara de nojo (aliás, isso ela fazia muito bem), e torcia para que nenhum porco encostasse-se a ela. Mas, de repente ela espirrou e assustou o porco menorzinho que correu em sua direção fazendo com que ela caísse com a cara na lama (para não dizer em outra coisa). Todos gargalhavam, sentido um enorme prazer com a cena que viam. E ela permanecia caída na lama com a cara toda suja.
Para mim esse foi o único momento dos quatro anos que estudamos juntas que, o que ela era por dentro, igualou-se ao que ela era por fora. Realmente chique... chiqueiro.*

By Tais Carla B. C.
* algumas (poucas) personagens de meus textos são baseados em pessoas que eu conheço, mas meus textos dificilmente serão baseados em histórias reais**
** se estou mencionando isso é porque a personagem dessa história foi baseada em alguém que eu conheço (ha ha ha)
"todos os textos desse blog são de minha autoria, se acaso utilizar algum, reconheçam isso mencionando meu nome ao final dele"

Um comentário:

Unknown disse...

Ola priminha...amei seus textos...principalmente Marilama....putzs...ilario..rsrs...louvo a Deus por ter uma prima tao especial e inteligente..um grande beijo...q vc brilhe cada vez mais....;)