sexta-feira, 5 de setembro de 2008

Suicídio

O último caso que resolvi foi o de um jovem, que mais tarde descobri que se chamava Orlando. Chegamos a seu apartamento por volta das duas horas da madrugada, após recebermos um telefonema da vizinha, que havia dito ter ouvido um barulho semelhante a um tiro. Ela não se equivocou. O rapaz se encontrava estirado no chão do corredor, próximo ao porão. No peito, o estrago que a bala lhe havia causado. Vieram os legistas. Vieram e se foram levando o corpo depois de tomarem os devidos procedimentos.
Não encontramos a arma nas primeiras horas. Assim, comecei a investigar sobre a vida do jovem para tentar resolver o caso. Talvez ele estivesse envolvido com pessoas perigosas. Tinha que começar a encontrar meus primeiros suspeitos.
Na noite do mesmo dia, encontraram a arma. Estava debaixo de uma pequena mesa no porão. Depois de investigarem tudo, chegaram a conclusão de que ele havia atirado no próprio tórax, e como a morte não foi instantânea, conseguiu jogar a arma em direção ao porão, fazendo com que caísse lá embaixo. Então, haviam concluído o caso. Porém não imaginavam que eu já havia encerrado o caso declarando ter sido homicídio.
- Como você sabia que ele havia se suicidado se ainda não tínhamos pista alguma? – perguntou um de meus colegas.
- Bem, foi muito simples. Estava pesquisando sobre a vida de Orlando. Conversei com várias pessoas. Amigos e inimigos. Descobri que ele era só, nem mesmo um gato lhe fazia companhia. Trabalhava em uma dessas lojas de fast food. Começava o expediente às 8:00h e terminava às 18:00h. Chegava em casa e só saía no dia seguinte quando tinha que ir trabalhar novamente. Nos dias de folga ficava em casa. “Ninguém entrava, ninguém saía”, segundo uma das vizinhas. Tinha uma alimentação leve, pois queria evitar futuros problemas no estômago. Dizem que nunca experimentou um dos produtos vendido em seu próprio local de trabalho. Não bebia, não fumava, não ia a festas, não comemorava o próprio aniversário. Não falava muito. Era educado, costumava a ajudar uma outra vizinha com as compras. Parecia ser boa pessoa. Andava de bicicleta para não poluir o meio ambiente. Não infligia nenhuma regra. Não sabia mentir. Não tinha ambição. Para ele, tudo estava bom do jeito que estava. Não namorava e nunca namorou. “Era virgem, e pagar por sexo, para ele, era pecado”, disse, digamos, a melhor amiga. Escutava Paula Abdul pelo menos uma vez por dia e não conseguia viver sem “A Liga da Justiça.”
- Sinceramente, não consigo ver nenhuma relação com o suicídio.
- Bem, olha a vida dele! Não foi à toa que ele se suicidou.

Um comentário:

Tyler Bazz disse...

Muito bom!!!
aUJHNAhaUHauhAUHauhaUHA

É aquela coisa do cara que queria viver 100 anos, né....