quarta-feira, 8 de outubro de 2008

Juno e o Leão

Eram 4 horas da tarde e eu voltava para casa. O ônibus estava quase cheio, mas não havia ninguém ali que pudesse fazer do meu dia algo mais interessante, até o momento em que aquela criatura embarcou. Meus olhos bateram no cabelo dela e não queriam mais sair. Logo de cara era percebeu o meu interesse em suas mechas. Eu estava sentada no fundo do ônibus e ela foi se aproximando. Quando chegou bem perto de mim, disse:

“Que foi, garota? Qual é o problema?”

“O seu cabelo”, eu respondi.

“Pelo menos eu não tenho essa cara de trouxa”, ela retrucou.

Isso era o melhor que ela podia fazer? Enfim, eu continuei:

“Isso é algum tipo de moda inspirada no tempo dos homens das cavernas?”

Foco. Para mim, a melhor coisa para não ser ofendido e deixar a pessoa mais irritada é não perder o foco. E eu não perdi:

“É problema de genética ou de shampoo?”

Ela continuou tentando me ofender. Tentou de tudo: nariz de mandruvá, orelha de macaco, olho de coruja, boca de cotovia, dente de hipopótamo etc. Mas eu ainda continuava admirando o seu cabelo:

“Você não deve ter problema com pente, não é? Mas o pente deve ter um problema muito sério com você.

Ela já estava muito brava comigo e eu sentia que ia apanhar. Porém, ela teve que desembarcar. Fora do ônibus ela ainda me olhava com uma expressão de poucos amigos. Só faltou rugir e pareceria o verdadeiro rei da selva.

Enfim, no dia seguinte, quando eu acordei, não havia pente que entrava no meu cabelo. Aposto que foi macumba daquela criatura, porque ela tinha uma cara de macumbeira...

Um comentário:

Tyler Bazz disse...

Isso que dá pentelhar no transporte coletivo!!! Rá!