domingo, 13 de maio de 2007

Dois minutos

Estela acordou bem cedo, tomou banho para despertar, vestiu-se e partiu para mais um dia - sua vida era uma rotina. Desceu pelo elevador - morava no sétimo andar. Entre o quinto e quarto andares, um susto: o elevador parou. Olhou para o relógio: marcava 7:46h da manhã. O elevador voltou a funcionar, sentiu um alívio. Chegou ao térreo, cumprimentou o porteiro, entrou no carro e seguiu para o trabalho. Tinha que pegar a priminha - como prometera a tia - e levá-la à escola. Deixou a menina onde sempre deixava e finalmente foi trabalhar. Era secretária.
Mal sentou na cadeira, o telefone já tocou. Esse foi o primeiro de muitos. Fazia um ano que exercia essa função e o barulho dos telefones - haviam três - estava começando a abalar seus nervos. Seu chefe era um homem muito ansioso que exigia rapidez. Estela não tinha tempo nem para um cafezinho. Só descansava mesmo na hora do almoço - isso quando não tinha que fazer algo em algum lugar no “quinto-dos-infernos” para o “chefinho querido”. Dois minutos que ela pensava em parar, era um dia a mais que ela gastaria para fazer tudo o que tinha que fazer.
Fim do dia. Foi embora, pegou a priminha, levou-a para casa da tia e finalmente voltou para seu apartamento. Estacionou o carro na garagem do edifício, cumprimentou o porteiro, subiu pelo o elevador. Entre o quarto e quinto andares, outro susto: o elevador parou novamente. Voltou a funcionar. Estela notou que ele não mais subia e sim descia. Quando ela olhou no relógio, ainda era 7:48h da manhã. Apenas dois minutos haviam se passado. Ela ainda tinha um dia todo pela frente.


By tais Carla B. C.

2 comentários:

Anônimo disse...

Nuuuuuuuuuuussssssssssssssssssssaaaaaaaaaaaaaaaa. Adorei... vc sempre dá um jeito de ousar no final...mto bom...

incantevolesage disse...

Surpreendente final! Gostei!
Quem nunca se sentiu assim, numa rotina interminavel?
Bju